BRASILÔNIA

Amanheceu nublado.

O sol acordou mais tarde.

Os estalos vêm

Da lareira.

O arranha-céu corta

Meu coração.

A poluição

É insuportável.

Os pensamentos

Voam

Seguindo o rastro

Do avião.

A mancha de sangue

No noticiário

Não sai.

Mais uma guerra.

O jornal estampa

A cara do assassino:

Matou o pai

De filhos trabalhadores.

Mais um roubo

No planalto,

E a morte espera

No asfalto.

Ferro retorcido,

Torcidas em pé de guerra.

E a paz

É apenas parte do Aurélio.

As bases preparam

A revolução,

Controlando fantoches

De uma luta santa.

Os sem-vergonha

Manipulam

Os sem-direito

É a democracia armada.

Pele escura

É sinônimo de pobreza.

A sociedade que marginaliza

Discrimina seus filhos.

A pátria Já não é

Tão idolatrada,

O que se U.S.A

É importado.

O ouro foi roubado,

As matas estão morrendo,

O céu está poluído,

E as nuvens são de algodão.

A bandeira é um manto negro.

A cultura

É fast-food.

Milagres,

Só acontecem

Uma vez.

A vida segue

Aos trancos

e barrancos

No país sem identidade.

São as notícias

De hoje

Na colônia do mundo,

E que Deus nos ajude.

Gustavo Marinho
Enviado por Gustavo Marinho em 05/02/2006
Reeditado em 26/12/2008
Código do texto: T108256
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