BRASILÔNIA
Amanheceu nublado.
O sol acordou mais tarde.
Os estalos vêm
Da lareira.
O arranha-céu corta
Meu coração.
A poluição
É insuportável.
Os pensamentos
Voam
Seguindo o rastro
Do avião.
A mancha de sangue
No noticiário
Não sai.
Mais uma guerra.
O jornal estampa
A cara do assassino:
Matou o pai
De filhos trabalhadores.
Mais um roubo
No planalto,
E a morte espera
No asfalto.
Ferro retorcido,
Torcidas em pé de guerra.
E a paz
É apenas parte do Aurélio.
As bases preparam
A revolução,
Controlando fantoches
De uma luta santa.
Os sem-vergonha
Manipulam
Os sem-direito
É a democracia armada.
Pele escura
É sinônimo de pobreza.
A sociedade que marginaliza
Discrimina seus filhos.
A pátria Já não é
Tão idolatrada,
O que se U.S.A
É importado.
O ouro foi roubado,
As matas estão morrendo,
O céu está poluído,
E as nuvens são de algodão.
A bandeira é um manto negro.
A cultura
É fast-food.
Milagres,
Só acontecem
Uma vez.
A vida segue
Aos trancos
e barrancos
No país sem identidade.
São as notícias
De hoje
Na colônia do mundo,
E que Deus nos ajude.