POEMUNIÇÃO

Minha poesia é

arma

que trago dentro do peito

e com o dedo no gatilho

á empunho ferozmente

Desenrola faceira

feita a cabrocha que

habita em meus olhos

Pra fazer de morada

os rostos rochosos

e o vazio do peito

E os versos chapados...

Chapado feito à vida

Nem deseja acadêmicas escolas

nem cadeira de chefe

nem coquetéis de casarões

nem o sorriso amarelo do burguês

Mas, necessita de compasso,

das andanças do boêmio

e o jeitinho de ser da pretinha

pra se fazer companheira

ao meu poema

Chapado feito a vida.

A poesia que trago

me traga... Não toca o céu

nem tão pouco as estrelas

Mas leal ao povo

serve de protesto

e cospe na cara do patrão

e o outro racista

que traz no âmago

o genocídio

A poesia que componho

se faz no meu passo

feito a menina que

nos três dias de alforria

sapateia descalça na avenida

Na busca do amor e do ódio

a epopéia faz cerco

desmancha em sorriso

nessa nossa roda

poética da resistência

O verso simples

traz nos traços revolta

feito um sonho em ebulição

não serve de banquete ao tirano

é munição pra guerrilha

do bonde dos Firmino

chapado feito a vida

O poeminha,

se faz de abraço

e a criança negra sorriu

da traquinagem com as palavras

que o poetinha travesso

sacou.

A poesia que me compõe amada

outrora granada explodiu em minh’alma

e os lábios sedentos

ainda palpitam em erupção

Minha poesia é arma,

e a folha campo de concentração

saltam do tiroteio

negros poemas

rebelados marcham

e se refugiam

no entrincheirado coração...

akins kinte
Enviado por akins kinte em 11/07/2008
Reeditado em 11/08/2008
Código do texto: T1076273