Berlim. Sinfonia de uma Metrópole.

Uma folha de jornal, uma vez,

voou.

Voou baixo

e eu vi um homem e um cão passarem

num momento distante.

E eles já morreram

quando os vi.

Os passos que deram também vão para baixo da terra

viram germes

que nos contaminam

para a vida.

Parte da memória do homem está inscrita no efêmero

e, aquilo que não ficou,

ensinou-me a viver

e a pensar.

Resquícios vivos

que pulsam através de sinais longínquos

tão gritante de nós

húmus latejante.

Sou o que não ficou,

vestígios fragmentários

inteiros

felizes fantasmas que teimam em existir.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 06/07/2008
Código do texto: T1067653
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