Pânico abafado

A noite silenciosa e a rua vazia

O quarto asmático pelo mofo dos móveis

A lâmpada apagada espantou o refúgio das mariposas

A fome presente e um estômago compreensivo.

O sono do meu corpo esgotado pelas andanças

Não custou para assimilar o ambiente

Acoplou-se ao silêncio e ao vazio

Tossiu, enquanto havia ar nos pulmões

Abraçou-se à fronha meretriz

E matou o último roncar do estômago.

Entre o sono leve e o despertar existe o enigma

Gritos desesperados de um fugitivo de balas

Projéteis voando em todas as direções

Nem sono leve, nem pesado, tampouco despertar

Apenas o coração disparado e em pânico

Agora, gritos de socorro e sirenes sem harmonia.

A noite retornou silenciosa

Todavia, maculada por boletins de ocorrência

E o quarto asmático continuou sem ar

A lâmpada apagada contribuiu com o apagão

A fome se esqueceu de se alimentar

Porém, não morreu de fome

Nem mesmo ouviu mais os estampidos noturnos.

O sono do meu corpo esgotado e em pânico desmaiou na cama

Sonhou com armas jamais vistas

E por fim

Dormiu...