A VOZ DA MINHA GENTE

Eu sou o acadêmico, que se assenta na luxuosa bancada das massas;

Os ternos e gravatas que visto, são meus rigorosos ultrajes;

Pertenço à alta sociedade dos excluídos: meus declarados comparsas;

Sou poeta que declama nas ruas, sou o compositor das lajes!

Sou orgulhoso filho da alta linhagem nordestina;

Embaixador convicto, da voz analfabeta de meus avós operários;

Escudo invulnerável a resistir, essa fina gente que nos discrimina;

Inimigo do discurso racista, que nos impõe os mais pesados erários!

Eu sou o singelo poeta, que se alimentou nas sobras da nata literária;

Que verseja em nome do suor, que edificou as grandes metrópoles;

Porta-voz do pau-de-arara, que transportou realidades imaginárias;

Expositor dos bons frutos, oriundos dessas sementes piores!

Um dia estarei na Academia, tomando um chá de histórico resgate;

Cobrando o débito social, pendente com a minha gente;

Quebrando as algemas, desse povo forte que apanha e não se abate;

Publicando linhas que falam de um Brasil mais parecido com o seu diferente!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/07/2008
Código do texto: T1061208
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