Mochila e Embornal

Mochila - Certo, vamos combinar aqui que eu não queria

que vocês me marginalizassem

porque não fumo ou cheiro! Tá legal? Errado!

Vocês sabem, e eu também, que isso é impraticável.

Embornal - Ninguém pode pedir isso.

Independe da gente essa questão.

Mochila - Claro. Claro que aceito tudo. Nada contra.

Mas isso que você falou não é suficiente. Vou acabar

ficando de fora do teu bonde, ou da tua van.

Embornal - Não é bem assim...

Mochila - Mas tudo bem. Que assim seja. Só não posso sair

da minha. Como vocês não podem sair da sua.

E é isso aí, a linha divisória pinta no meio.

Embornal - Mas sempre haverá a convivência.

Mochila - Será que ela vai (ou pode) ser autêntica?

Embornal - Será que a nossa, aceitando os dois lados distintos,

será que a nossa é autêntica?

Mochila - Boa reflexão. Pode ser que não, em alguns casos.

Embornal - Ou em muitos. Como também do seu lado.

O vento que venta lá...

Mochila - Acho, no fim, que todos somos iguais.

Embornal - Também não vejo muita diferença.

A não ser a crença.

Rio, 27/06/2008