EM ALGUM LUGAR DOS CANAVIAIS

Na feira dos arrivistas

Cena que me trouxe agonia.

Vi um negro lá na prateleira

Vendido como vã mercadoria.

Examinado cautelosamente

Não dizia bem ou mal.

Negociado como peça rara

Da engrenagem social.

O comprador era um moço humano

Cujo sapato ainda brilha

Arrastou o negro feito animal

Para longe da família.

Transportado para o canavial

A mulher desorientada feita pinel.

Enquanto os filhos numa só voz gritavam

Um choro que subia até o céu.

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 25/06/2008
Reeditado em 28/08/2010
Código do texto: T1051113
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