EM ALGUM LUGAR DOS CANAVIAIS
Na feira dos arrivistas
Cena que me trouxe agonia.
Vi um negro lá na prateleira
Vendido como vã mercadoria.
Examinado cautelosamente
Não dizia bem ou mal.
Negociado como peça rara
Da engrenagem social.
O comprador era um moço humano
Cujo sapato ainda brilha
Arrastou o negro feito animal
Para longe da família.
Transportado para o canavial
A mulher desorientada feita pinel.
Enquanto os filhos numa só voz gritavam
Um choro que subia até o céu.