Andarilho do céu

Por esse mundão de meu Deus, passeiam almas sem norte,

Um andarilho que vaga,

Vagueia como um cão danado, maltrapilho e maltratado,

Esse ente de Deus que é ignorado pelo sol, pela lua,

Por tudo quanto há, lá vai ele na sua ilusão demente,

Para onde será que ele vai...

É a escória que a sociedade expurga para que não lhes melindre os olhos, um verme que deve escorrer pela vala para não contaminar a piscina e o jardim que custou tão caro,

Você andarilho, vá de retro, não o quero por perto.

E lá vai ele a filosofar na sua quase demência:

“Para que banho, fazer barba, para que água de cheiro se não tenho a quem amar, ando porque ando...

Se eu tivesse uma caneta e um pedaço de papel, escreveria uma bela canção, contemplaria o luar e o sol que tanto me aquece,

Escreveria versos felizes falando de Deus,

Mostraria ao mundo a paz que carrego n'alma,

Também falaria da vida, da morte, da importância de sonhar.

Já é tarde, agora vou deitar e dormir,

Porque amanhã bem cedo retomarei minha caminhada rumo ao céu.”