A Indigência dos Indigentes

corpos andantes

sem rumo

sem tino

sem nada

ocos

envelhecidos

esquecido

rasgados

em frangalhos

sem atenção

jogados à marginal

famintos

medrosos

perdidos pro mau

a quem vós pertenceis

aquele ou aquilo?

filho feio não tem pai

indigente sem dote

quem sabe alguém note

um dia com sorte

um pedaço de pão

largados ao tempo

dormindo ao relento

cada noite que passa

pode ser decisão

quem sabe a morte

lhe acorde com choque

fazendo a visita

na vida prisão

quem sabe assim

de cara com fim

suspire aliviado

por largar o cajado

onde esteve apoiado

a espera da vida

que lhe deu um não

seja levado

ao céu azulado

da fome saciado

de espírito lavado

olha pro mundo

com pena da gente

que se preocupa com tudo

menos com o indigente.

Flor de Laranjeira
Enviado por Flor de Laranjeira em 18/06/2008
Reeditado em 10/01/2010
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