TRINCHEIRAS

TRINCHEIRAS

A violência, o crime,

estampado em toda a rua,

em toda esquina dos hemisférios.

O sangue que escorre no Borel

é o mesmo do Morumbi, “New York”,

Beirute, Azerbaijão, Montevidéu.

A cor púrpura coagula o céu

e o azul ficou esquecido na imensidão.

O “Far-West” não está mais nos filmes

da “Columbian Picture”.

É real e mundial.

Um revólver, um coquetel molotovi,

AR-15, mísseis teleguiados,

miram-se pra todo lado.

Nervo, pavor, descontrole.

O caos à velocidade do som, a todo vapor.

A terra minguante e cinza, jaz no leito de dor.

Barbarismo, vandalismo,

a tara por matar.

Vou zarpar num módulo espacial,

varar constelações.

Veranear nas luas marcianas.

Voltarei ao final desse filme,

nas asas de uma pombinha branca.

Reconstruirei as porcelanas.