Retirantes
São eles que chegam
De onde? Quem sabe?
Do grande sertão,
Sem água e sem pão.
Seus olhos tão tristes
Seus rostos encovados
Seus corpos esqueléticos.
Esperam encontrar
Na terra sonhada,
Um pouco de paz,
Alimento, um teto
Agasalho; talvez
Uma vida descente
Que todo ser humano
Deveria ter direito.
De todos que chegam
Poucos sobrevivem
Algum sai vencedor.
Muitos derrotados
Existem os que voltam
E contam o que viram.
Não o paraíso,
Sonhado por todos
Mas uma realidade
De um vulcão faminto
Que não para nunca
De sugar suas vitimas
Aquelas mais puras
Que não sabem atacar.
Como a natureza
Seja o homem, o rio.
As matas, as aves.
Os peixes e tudo o que existe
Que fraco parece,
Por não se defender!