Ir

O celular toca.

É dia de novo e de novo a agonia do ir.

Ir.

Rezando para poder voltar.

Sem saber a direção em que o mal se aproxima.

Confiando na oração certa, dos que lhe amam.

Sabendo que a blindagem mais segura é invisível.

Ir.

Estando pronto para proteger até mesmo quem lhe cospe a cara.

Quem lhe jogaria aos lobos.

Pois esse é seu dever.

Ir.

Com passos firmes e olhar atento,

Com a coragem como segunda pele.

Sabendo que o perigo não manda aviso,

Que o destino não faz promessas.

Ir.

Com a sirene rompendo o silêncio, o pulso acelera.

O chamado ecoa, não há tempo para hesitar.

O medo pode até existir, mas jamais dominá-lo,

pois a escolha já foi feita muito antes dali.

Ir.

Pela justiça que nem sempre vem.

Pelo dever que nem sempre agradecem.

Pela honra que, mesmo invisível, nunca se perde.

E,

quando enfim volta pra casa,

Ele sorri, aliviado, mas sem descanso.

Porque amanhã, ao toque do celular,

Será dia de novo. E de novo, o ir.

Tamiles Batista Santos
Enviado por Tamiles Batista Santos em 26/04/2025
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