A Chuva
A chuva vem de repente ou se forma devagar no horizonte. Pode ser um sussurro ou um rugido, uma carícia ou um golpe de vento. Molha a terra, amorna o ar, traz cheiro de raiz, de lembrança, de tempo parado.
Gosto dela em todas as formas: A branda que se espalha sem pressa, a que cai com trovões e relâmpagos ou a que desce mansa, quase em segredo.
Ela cobre os dias de cinza, enche as ruas de reflexos, transforma a cidade, o campo, o instante. Trava o trânsito, inunda calçadas, mas também rega a vida, desperta o verde, e dita um outro ritmo... Mais profundo.
A chuva pede abrigo e aconchego. Pede um café quente, um livro na janela, um casaco apertado contra o corpo, o som da água preenchendo o silêncio.
E quando passa, deixa um rastro de esperança. Orvalho na manhã seguinte, gotas presas às folhas, um frescor de recomeço dentro da gente.