Imperio
Amanhã não será hoje
E hoje não foi ontem
E nem será o amanhã
Só por hoje me lamentarei
As horas de lágrimas passarão
O casulo, o nó na garganta
A posição fetal
Também hão de passar
Só por hoje me permito sangrar
Rasgar o véu de dor interna
Amanhã não
No novo dia abrirei as janelas da alma
E libertarei o pássaro mudo
Para cantar
E voar
Voar
Voar
Bem alto
E distante...
Desbravar novos ares
Cheiros
Ventos e
Cores
Só por hoje me permito estar presa
Detida em meu emaranhado de pensamentos
Embolada no novelo de gatilhos
Que atiram em mim
Arrancando a paz
Só por hoje deixo a dor gritar
E espernear
Como louca desvairada
Feito criança mimada
Só por hoje
Amanhã não
Amanhã ela não vai imperar...
Ana Lu Portes, 29 de março, 2025