O milagre dos dias simples
Há poesia na aurora que se levanta,
No sol que beija a terra em desalinho,
No vento brando que dança e canta
Nos galhos velhos de um velho pinho.
Há encanto na xícara quente da mesa,
No pão partido, no riso singelo,
No olhar distraído que guarda a certeza
De que a vida é um quadro belo.
O tempo passa sem pressa ou hora,
E no compasso da rotina pura,
Há um milagre que se aflora
Na simplicidade de uma ternura.
O gato espreguiça, a criança brinca,
O mundo gira sem perceber,
E na magia que o instante finca,
A vida ensina a florescer.
Que olhos vejam, que almas sintam,
Que corações saibam enxergar:
Na vida simples, na cena extinta,
Reside a arte de amar e estar!