Ao menino que corre na multidão
Vi um garoto correr hoje.
Saiu da escola e cortou o vento,
os braços em alarde, agitando o desespero.
Corria de quê?
Tão jovem… há tempo para tudo ainda,
por que tão apressado?
Fugia do tempo
ou o tempo fugia dele?
Seu rosto entregava a infância,
mas os olhos, não.
Olhos que atravessavam distâncias
e carregavam segredos maiores
do que sua idade permitia.
Talvez o vento o empurrasse,
talvez corresse para um abraço,
talvez…
Ah, tantas hipóteses.
Mas era bela sua pressa,
um fôlego de vida
que dançava na multidão.
E eu, que me despeço aos poucos,
agradeço por inspirar este poema.
Onde for que precise chegar, que chegue em paz.