Ano Novo, Ano Velho

Não entendo o Ano Novo,

exceto como promessas vãs,

juramentos para aguentar o peso do ser,

sementes de impossíveis que nunca florescem.

Estamos em contagem regressiva,

mas o temporizador se move ao contrário,

não se mede em segundos,

mas em instantes que se dissolvem no ar.

O que realmente muda,

não é o ano que se apaga,

mas o jeito de encarar o abismo.

Mudam as cifras, mas a ausência permanece.

E não compreender já é o suficiente

para nos manter em marcha.

Felizes anos velhos,

que chegam e se despedem

como fantasmas que sussurram promessas

que não conseguimos ouvir.

O tempo é uma cortina entreaberta,

onde nada se revela,

mas tudo se oculta.

Erogat C
Enviado por Erogat C em 31/12/2024
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