Ano Novo, Ano Velho
Não entendo o Ano Novo,
exceto como promessas vãs,
juramentos para aguentar o peso do ser,
sementes de impossíveis que nunca florescem.
Estamos em contagem regressiva,
mas o temporizador se move ao contrário,
não se mede em segundos,
mas em instantes que se dissolvem no ar.
O que realmente muda,
não é o ano que se apaga,
mas o jeito de encarar o abismo.
Mudam as cifras, mas a ausência permanece.
E não compreender já é o suficiente
para nos manter em marcha.
Felizes anos velhos,
que chegam e se despedem
como fantasmas que sussurram promessas
que não conseguimos ouvir.
O tempo é uma cortina entreaberta,
onde nada se revela,
mas tudo se oculta.