300°
Sou o poeta da desgraça cotidiana
Não é ruim sentir a dor da poesia
Poucos duram nessa labuta
Faço-me poeta o tempo todo
Ao invés de copular escrevo poemas
As pernas abertas e eu escrevendo
É tão notório o meu desespero
Que a cada tentativa botânica
Acabo trepando em meu caderno
Escrevendo a desgraça do dia
Sou um poeta fadado a observar
Anseio por belos seios
Projeto o futuro antes dele chegar
Vivo escrevendo o que sinto
Desabafo em linhas
Desato a desgraça da vida
Hoje é um péssimo dia
Minha sorte é ser poeta
Um esquecido cidadão
Transitando pela realidade
Otreblig Solrac - O poeta burro