Pórmenores
Venho olhando na Janela
Possibilidades para minha escrita
Rabisco sentindo muito
Escrevendo em coreografia
Danço entre as letras
Rebolo com a melodia
Deixo balançar a caneta
Com os dedos da tirania
Não há um só pensamento para compor
Lembranças e memórias vem depor
Denunciam o que já vivi
No grande círculo influenciador
Um brado cortante no céu
O assovio nas matas
No rio caudaloso
Que minha pele relata
A firmeza em ver
Com a doçura do ouvir
Criando a certeza do crer
Quando tudo começar a ruir
Do pó eu vim
No pó eu fiquei
Acabei com minha mente
E com todos que conversei
Durante muito tempo nevou
Aspirando uma felicidade sem amor
Na euforia do congelamento
Eu quase vi neve sem pudor
Criei imagens irreais
Fantasias loucas transcendentais
Vozes sussurrando miragens
Sentimentos anestesiados sem coragem
Tentei acabar com tudo isso
Na morte sempre encontro opção
Meus braços denunciam essa vontade
De acabar com minha inquietação
Com o sol da negritude
Expulsei a brancura do meu nariz
Dentro do meu passado
Vislumbrei um futuro feliz
Criei possibilidades para existir
Nas tentativas do fazer
Levei muito tempo para crer
Que eu também merecia viver.