Volta por cima
Volta por cima
Na sombra da dúvida, afundei o coração,
Entre mãos estendidas que negaram o perdão.
Chamados amigos, vozes sem rosto,
Esqueceram meu nome num deserto exposto.
Fui cúmplice da queda, prisioneiro do medo,
Covarde, entreguei-me ao silêncio em segredo.
Errei a chave, abri portas erradas,
Caminhei em labirintos, com esperanças caladas.
Mas o fundo do poço guarda um reflexo,
A verdade em cacos, o desejo perplexo.
De erguer-me das cinzas, da mágoa contida,
Reencontrar na coragem o pulsar da vida.
Tropeços são mestres, o erro ensina,
O coração ferido amadurece e ilumina.
Recolhi minhas forças, minha fé, minha calma,
Dei a volta por cima, reergui minha alma.
Hoje, a covardia é lembrança distante,
Os amigos falsos? Poeira errante.
Na nova jornada, sou eu meu abrigo,
O passado é lição, não mais inimigo.
A chave certa, enfim, em minhas mãos,
Abro portas para novos irmãos.
Superação é meu hino, meu lema, meu dia,
Uma vitória bordada com dor e poesia.
Vasco Toledo