SUSSURROS DE CENSURA
No céu nublado, um manto de incertezas,
O vento, poeta, balança as árvores do campo,
Enquanto os infantes, em sonos suaves,
De olhos fechados, assistem ao mundo televisivo.
A panela de pressão, em sua sinfonia,
Zoa no fogão, anunciando o cotidiano.
As mobílias, testemunhas do tempo,
Em proximidade sussurrante,
Ouvem Legião Urbana, notas que nos transportam
Às ilusões de uma juventude imortal.
Ela, com olhar profundo, murmura censuras,
Em dezembro, o clima se reveste de Natal,
Corações amolecidos, esperanças renascem.
Ainda que a luta se insinue nas sombras,
Persistimos, audazes, no presente vivido,
Notícias de morte, acidentes em telas frias,
Mudamos de interface, mas a memória persiste.
Sinto o vento a acariciar minha pele,
E o amor, em pulsar sereno, habita meu ser,
Ao vislumbrar a família reunida,
Um quadro de satisfação, a intimidade aflorada.
É domingo, o amanhã se anuncia com responsabilidades,
A realidade exige, o trabalho à porta.
Deixei os vícios, as sedas e confetes do passado,
E na crueza do agora, encontro a beleza,
Entre sussurros de amor e risos,
A poesia do instante se revela,
Balanceando entre o efêmero e o eterno,
Numa mistura de sentimentos,
Onde a vida, com suas verdades, se faz arte.