O PESO DO SILÊNCIO

*O Peso do Silêncio*

Dei tudo o que tinha,

não só o pão na mesa,

mas também os sonhos que carregava.

Ergui mundos para que vocês pudessem voar,

e os vi partirem,

como deve ser.

Na juventude, eram meus pequenos sóis,

iluminando cada canto escuro da vida.

Eu trabalhava, suava,

para que suas asas não faltassem.

E, um dia, elas cresceram.

Agora, a casa ecoa

com o som de passos que não voltam.

A mesa está posta,

mas vazia de vozes.

O telefone permanece quieto,

como se tivesse esquecido meu número.

Não é raiva que sinto,

nem mesmo arrependimento.

É apenas uma pergunta muda,

um eco no peito:

vocês lembram?

Lembram das noites sem sono,

das histórias inventadas para afastar o medo,

das vezes em que deixei de lado

minhas vontades para dar espaço às suas?

Eu os vejo brilhando de longe,

fortes, seguros, completos.

E me orgulho, sim,

mas também me pergunto:

sou eu agora apenas um ponto no passado?

O amor de pai é eterno,

mesmo quando a distância pesa.

Mas às vezes,

até mesmo o amor cansa de esperar

por um gesto,

uma palavra,

um sinal de que ainda sou parte

do mundo que ajudei a construir.

*Vasco Toledo*

Vasco Toledo
Enviado por Vasco Toledo em 25/11/2024
Código do texto: T8205110
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