O PESO DO SILÊNCIO
*O Peso do Silêncio*
Dei tudo o que tinha,
não só o pão na mesa,
mas também os sonhos que carregava.
Ergui mundos para que vocês pudessem voar,
e os vi partirem,
como deve ser.
Na juventude, eram meus pequenos sóis,
iluminando cada canto escuro da vida.
Eu trabalhava, suava,
para que suas asas não faltassem.
E, um dia, elas cresceram.
Agora, a casa ecoa
com o som de passos que não voltam.
A mesa está posta,
mas vazia de vozes.
O telefone permanece quieto,
como se tivesse esquecido meu número.
Não é raiva que sinto,
nem mesmo arrependimento.
É apenas uma pergunta muda,
um eco no peito:
vocês lembram?
Lembram das noites sem sono,
das histórias inventadas para afastar o medo,
das vezes em que deixei de lado
minhas vontades para dar espaço às suas?
Eu os vejo brilhando de longe,
fortes, seguros, completos.
E me orgulho, sim,
mas também me pergunto:
sou eu agora apenas um ponto no passado?
O amor de pai é eterno,
mesmo quando a distância pesa.
Mas às vezes,
até mesmo o amor cansa de esperar
por um gesto,
uma palavra,
um sinal de que ainda sou parte
do mundo que ajudei a construir.
*Vasco Toledo*