Fantasmas da vida
A vida é um sarau de moringas
um carrossel de mulatas.
É um rito de calhamaços
entre promessas e sucatas.
É circo de saltimbancos
é flerte com o nevoeiro.
Um tacho de sonhos vazios
fervendo no travesseiro.
A vida tem seus cálices,
seus queijos de pirongas.
É sinfonia em farrapos
é harpa tocando em congas.
Tem samba de pedra-sabão,
tem tango com asa quebrada
um brilho de tesouro raro
num mar que engole espada.
A vida é liberdade escorada
na poeira dos cantares.
Um punhado de enfermidades
que dançam junto aos azares.
E quando o pano despenca
a cara se mostra fria:
quem trilhou caminhos tortos
descobre a régua da vida.