Águas e Céus de Todo Dia

No correr das nuvens, espanta o céu

Como se o tempo desaprumado

Perdesse o tino de ser eterno.

Águas desmedidas desabam sem pena

Invadindo o chão da gente, roendo

As bordas e eiras da vida.

De longe, ouve-se o rio bufando

Não mais calmo – é bruto!

As árvores, antes testemunhas quietas

São arrastadas em gritos rabiscando a terra.

Chuva não pinga: despeja, desaba!

Troveja na alma o medo de tudo se perder.

E a gente olha o mundo mudando

De dentro das inundações do tempo.

Pensando: foi o homem, ou foi Deus?

O céu não responde nem as estrelas

Dão as caras para contar.

Há o rio, o barro e a lama. Há sofrimento

E há a espera: que o sol, um dia, devolva

A cor do chão e o sorriso na alma das crianças.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 19/11/2024
Reeditado em 19/11/2024
Código do texto: T8200138
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.