Cotidiano

Como outorgar a palavra à boca ordinária

que devasta a retidão do verbo e não diz nada,

nada a respeito de um verso qualquer

supeiito de cometer crime algum,

mas o exercício vão, deveras, sem o rumor

triste ou cabido, de um anjo caído

que se sustentou no ar com asas quebradas?

No subúrbio e no luto,

no diário de Anne Frank,

no subterfúgio que corre e alcança a guerra

e no lema sobre as lesmas dos artigos científicos

para explicar a mornez do mundo.

Nada de novo....

Nada se apresenta pelas teclas digitais

nem na corrida espacial de Musk

para colonizar Marte,

como fosse iminente e sempre urgente

a morte

pelo território, sem sorte, da tentativa de fuga.

Por que foges, hoje, sem as sete faces necessárias

à ilusão dessa tragédia humana que se distancia

e se mimetiza nas regras e consequências,

na absoluta verdade, que não vês além do palmo,

da palma da mão cheia e única?

Ainda há um tempo guardado

para um homem que anda só pelo caminho

apascentando as dores e que se refugia pela copa das árvores, e no montes,

e nas andorinhas de um verão cheio de inverno.

Será mera toda verdade que for castigada

pela nudez de uma mentira,

e nem pista, deixa, de liberadade.

Algum pólen se sucumbe às patas de insetos

e insere todo o vislumbre após a revogação

da vida.

E existe...

Quem fica pelo caminho é apenas fossil

que não sustenta a fotossíntese.

É apenas gênese de continuar...