DETALHES ETÉREOS DE UMA VIDA
Caminho ligeiro por urbanas vias
Sempre de manhã, todo santo dia
Vejo carros, motocas e magrelas
Vejo casas, vendas, bares e padaria
Vejo gente apressada e atrasada
Na calçada a Dona agua e esfrega
Gente sem pressa, lenta e calma
Janelas, portas e portões roncam
Alunos, uniformes sono e mochilas
Operários, ferramentas e marmitas
Senhoras à igreja com seus rosários
Pedestres fones, iphones e podcasts
Todo dia vejo quem não me vê passar
Casas e casinhas que olham sem olhar
Pessoas em transe seu mundo interior
Pessoas que dizem: bom dia senhor!
A contabilidade de datilografia
A Casa Country Leal centenária
O Armazém do Neto do além
A João Pimenta Expedicionária
Abrir de lojas expondo soluções
Consultórios de sorrisos e felicidade
Farmácias e pílulas de bem estar
Costureiras de cozer e consertar
Hoje a chuva pulverizou fina
Fria água abençoada pelo céu
Mudei minha rotina sem proteção
Tenis de borracha escorregavam
Marquises amenizaram meu molhar
Desejei um carro, um guarda chuva
Carona solidária, mas ninguém parou
Para um estranho de todos os dias
E no cotidiano do andar urbano
Vemos tantos que também nos veem
Amistosos uns, outros indiferentes
Somos todos andantes, viventes.