CICATRIZES E CORES
No vaivém da vida, a dança eterna,
Os amores perdidos em brumas vagam,
No coração, a dor que a alma governa,
Arrependimento que os dias apagam,
Entusiasmo e pessimismo se alternam,
Procurando a paz, mas nas sombras se alagam.
Os desejos guardados em silêncio,
Verme que corrói, a vergonha é prisão,
Medo do olhar, do incisivo juízo,
No peito, o peso da ocultação,
Estagnados na rotina, sem oviço,
A vida, um ciclo, um eterno vão.
Jogar tudo ao vento, viver o instante,
A felicidade breve, efêmera,
Enquanto o dinheiro brilha, ofuscante,
A noite nos envolve, doce quimera,
Mas o amanhã traz a dúvida constante,
E o riso da vida, em sombras, nós espera.
Doar-se sem ânimo de reconhecimento,
Ser sombra na luz, um eco distante,
A ansiedade do futuro, um tormento,
No peito, a esperança, um grito errante,
Lembranças que matamos, em lamento,
Na mente, um labirinto, grito incessante.
Os desejos, serpentes a nos dominar,
Diariamente, lutamos, sem cansaço,
Não correspondidos, o amor a chorar,
Na entrega sincera, um triste impasse,
O dinheiro, aliado da felicidade,
Mas que preço se paga por tal laço?
Prazer que explode ao ver a beleza,
Na arte da vida, um breve momento,
Mas as máscaras dançam, em sutileza,
No baile de incertezas, o tormento,
Religião que nos envolve, sem fraqueza,
Na humildade, um fardo, um sofrimento.
A morte, sombra que nos persegue,
Caminho incerto, um destino indócil,
Cada dia, uma nova entrega e entrega,
Na incerteza, a vida, um triste óscil,
Mas, entre as dúvidas, há algo que se nega:
A beleza do instante que nunca é fútil.
E assim, na jornada, seguimos a andar,
Entre amores perdidos e sonhos rompidos,
O vaivém da vida nos ensina a amar,
Na fragilidade, encontramos os sentidos,
Entre sorrisos e lágrimas a vagar,
A esperança, em nós, afaga os gemidos.