HÁBITO

Entre os dias que se repetem,

eu me perco no mesmo compasso,

como quem, sem saber, adere

ao ciclo inquebrável do espaço.

 

Há um conforto na mesmice,

no traçar de passos ensaiados,

no gosto do café que finge

ser novo, mas é sempre marcado.

 

O hábito, esse velho amante,

me embala em sua rotina calma,

rouba de mim o instante,

e deixa o vazio na alma.

 

E se amanhã eu quebrasse o laço,

mudasse o rumo dessa estrada?

Seria livre no meu cansaço

ou só mais uma vez, aprisionada?

 

O hábito não é só corrente,

é abraço quente que se faz ausente,

e me prende, entre o indeciso querer,

de partir e sempre... permanecer.

 

 

 

Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 25/09/2024
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