Colapso em pensamentos que brilham toda noite

Há um colapso em meus pensamentos

Permanente conflito

Lapso de solidão.

De olhos vidrados e ouvidos atentos

Impaciente e aflito

Abraço a escuridão.

Já não resta mais luz

Mas eu vejo ainda tudo

Que do escuro reluz

Como sol no meu mundo.

De manhã posso sorrir

Cantar, beijar, amar, sem fim.

A cada dia do porvir

Trabalhar, ganhar, pagar, enfim.

Cuido de tudo e de todos

Até mesmo um pouco de mim.

Acho o dia tão lindo

Mas tão breve e findo

Que cai a noite

Sorrateiramente

Roubando-me para si

Minha alma estremece

Lá vem novamente

O brilho dentro de mim.

Tudo é tão vivo e claro

Que quase me mato

Com esse velho tormento

Mas de novo o enfrento

Já nem é tão ruim.

Porque vejo a tudo,

E a todos,

Todos, mesmo...

Vejo-os cara a cara

Sem vendas ou máscaras.

Examino o meu passado,

Mais ainda o meu presente,

E projeto o meu futuro.

Investigo cada fato

Raciocino consciente

Fortaleço os meus muros.

Tudo isso me vem à mente

Como uma luz incandescente

Que me ofusca ao reluzir,

E assim me cega lentamente

Então percebo novamente

Que em paz posso dormir.