O Canto da Simplicidade
Na vida que é tecida em dias tão banais,
A escova que desliza em dentes matinais,
Café que se desperta em aroma a se espalhar,
E o calor da caneca nas mãos a se firmar.
Sapatos que descansam, já sem o seu rigor,
No fim do dia, alívio que se faz favor,
E o filme que se assiste, enredo a deslizar,
Enquanto o corpo encontra um sofá pra repousar.
É simples, tão singelo, o passo cotidiano,
Que faz da vida a dança num ritmo humano.
Mas muitos não percebem, olham sem enxergar,
A graça que se esconde no ato de respirar.
É sexta que promete alegria a rebentar,
Enquanto o domingo se despede devagar,
Mas não é a segunda que arranca a paz do chão,
É a falta de sentir o pulsar do coração.
Ser homem, ser comum, é ver com gratidão,
O brilho que habita na mais simples ação.
No beijo que é rotina, na noite que se vai,
No riso que desponta e logo se desfaz.
Pois a chave da vida, do existir com fulgor,
É encontrar na simplicidade, o maior valor.