Velame
Fui soprado pelo destino,
Da alvorada ao meio-dia, na pressa de um suspiro,
Deixei o campo da rotina e montei no cavalo veloz,
Cruzando pontes invisíveis até o vale da espera.
No jardim de portas trancadas,
Onde o sol ainda repousava,
Passei por sombras, rostos ocultos,
Onde o tempo veste máscaras de aço.
Entre raízes profundas, vi o ciclo da dor,
Onde correntes de vidro cercam o passo,
E os pássaros presos aos galhos secos,
Mas caminhamos... Ah, como caminhamos!
No retorno, a estrada se dividiu,
O rio de aço fluía por margens distantes,
Mas eu, folha no ar, escolhi o chão.
Segui com outras folhas, com a tarde a dourar nossos passos.