Entre o Cotidiano e o Inefável
Nossos dias nascem na sombra da rotina,
Rasgando a mesma linha do horizonte apagado,
Onde o sol se levanta, mas já não o vemos,
E o canto dos pássaros morre no silêncio ensurdecido.
Movemo-nos como fantasmas entre as horas,
Cumprindo rituais de uma vida em piloto automático,
Deixando o mundo girar ao nosso redor,
Despercebido, invisível, sem cor.
Mas, às vezes, no meio desse torpor,
Uma brisa nos desperta do sono sem sonhos,
Algo indescritível paira no ar,
Um toque sutil de magia que nos chama à vida.
Hoje, as folhas dançam ao vento,
Com uma graça que raramente se vê,
E o mundo, outrora pálido,
Veste-se de tons vibrantes, como se quisesse ser notado.
E é neste instante, perdido entre tarefas banais,
Que sentimos o chamado da existência,
Perguntando-nos, com voz suave e inquietante,
Qual o sentido de nossos passos silenciosos?
Hoje, um desses dias raros e frágeis,
Nos sussurra segredos que o coração anseia ouvir,
E nos convida a refletir sobre o tempo que nos escapa,
Sobre o que importa, e o que deixamos para trás.