TUDO É VAIDADE...
Tudo se despetala
Se despedaça no sutil
É traça que o tempo corrói
Tudo que se ergue
Um dia se destrói...
Essa vida é tão frágil
Cada dia amanhecido
É um dia perdido...
É um pagar de pedágio
Um caramelo na saliva dissolvido
Nossos olhos vão nos subtraindo
Ou seremos ou teremos um pensar
Qual sereno se imiscuindo
Sentimos o ar mais não o vemos
E nessa escala tamanha e sem peso
Tudo que tem nome e sobrenome some
Até a saudade perde o endereço...
Como a teia se perde da aranha
E as lágrimas sempre perdidas secam
O ponteiro do esquecimento
É mais veloz que os barcos nos cais
Tudo vai se sumindo aos poucos
E a pele eriçada do futuro fica pra trás...
O presente é como um espelho
Se o miramos ele nos devolve
Mais se saímos da presença dele
Ele não nos devolve nada
De seus reflexos ancestrais
Tal qual olhar pra ele no escuro
É inexistente...Qual um amante no plexo
Só se satisfaz no sexo a que se compraz
O Narcisista sabe que ele está lá
Só não liga a luz pra não morrer afogado
No seu próprio reflexo egoísta
E quando ele finalmente liga a luz
Pensando que morreu no seu gozo
Já é tarde...Pra sua sina ritmista
Amanheceu em cacos quebrados...E pueris
Nos estábulos de uma égua empoçada nos quadris...
Tudo é relativo e intimista
Nem sempre o assim é assado
Nem todo desejo é pecado
E nem mesmo a saudade é passado
Já que o pensamento não pode ser pesado...
O presente não pode ser pausado
E o futuro não pode ser um passado processado
Simplesmente porque já é...Defasado!!!
Será que tem alguma coisa melhor que a morte?
Será que a morte é tão ruim assim?
Condenado a morte
Não é uma soltura?
Tudo é relativo!!!
Ser ou estar cativo na sepultura
Sistematicamente somos prisioneiros
Rotineiramente escravos
Pagamos impostos rapineiros
Sem culparmos os impostores
Anestesiados por distrações corriqueiras
Até quando??? Seres decompositores
Quando as coisas não nos servem mais
As engavetamos nas gavetas o clorofórmio
Assim fazemos com nossos mortos genitores
As os engavetamos, deixaram de nos servir...
E gavetas não haverão de nos faltar o ar...
Eu estava pensando como o zero a boreste
Que talvez o mundo que menos pertence a nós
Seja exatamente este...
Ás vezes um século pode demorar um segundo
E um minuto pode demorar séculos pra acontecer...
Estamos vivendo por uma distância que pensamos existir
A distância é uma ilusão de um ir e vir
Tudo está tão perto que não percebemos
Que ao dobrarmos a esquina
Nos perdemos da ladina
Porque é no desencontro que está a nossa sina
Nada pesa mais que as pálpebras
E é quando mais estamos tranquilos
Pensando que estamos seguros
Que quando fechamos os olhos
Não há peso maior neste mundo
Que a flexão de as abrir.