Marginais

Você não me olha nos olhos

Não existe bom dia

Faz frio todo dia

Nas vassouras da vida

Nos lixões desse país

Não somos estatísticas

Apenas caso de polícia

Uma poluição social

O cartão postal é nosso banheiro

Quando todos dormem

Quando vamos morrer?

Estamos vivos

Nunca existimos

No labirinto das ruas

Expomos a face nua do grande monstro

Civilização

Não tem perdão

Tampouco, explicação

A fome me faz dormir

O inferno não são os outros

O inferno é aqui

O dia me faz chorar

Acordo com os passos apressados

Os ponteiros não param

Infelizmente o dia aconteceu mais uma vez

Que pena!

Procuro um canto de privacidade

Deve ficar num país inalcançável

Estamos em todo canto

Não temos nenhum para ficar

Só a cidade toda para andar

Nas margens de tudo

Sem nada para prender

Diógenes sem filosofia

Só queria fechar os olhos de uma vez

Nunca mais olhar essas praças cheia de pessoas

Não posso ir embora

Não posso ficar aqui

Nas margens desse país

Ninguém fica com a gente

É natural ser indiferente

Indigente

Cercas urbanas

Velhas senzalas atemporais

Somos sempre acorrentados

Ninguém aguenta mais

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 12/07/2024
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