Maria
Sou maria lavadeira,
E já fui de descida,
Entre as ribanceiras e ladeiras,
sempre com o espirito de fé,
sem reclamar ou praguejar,
Pois na vida,
Aprendi que, temos todas que marchar.
Antes de ser maria,
fui zefá, celeste e Dolores,
mulheres guerreiras,
lavadeiras de roupas e de dores;
Minha história se baseia,
entre amores e dessabores,
entre dias de sol e de chuva
entre a fome e a resistência
neste mundo de penitencias;
Um planeta em que muito cedo,
temos muitos compromissos,
de levar a casa nas costas,
e manter alegres, filhos e maridos;
O primeiro oficio da roça,
nunca esquecemos, meu senhor,
maria levando a lata D’agua na cabeça
com força, suor e dor;
E bem no finzinho do dia,
vou pra casa contente,
cesto de roupa na cabeça,
penteada e sorridente;
Maria poe a mesa de jantar!
serve todo mundo da casa!
limpa ali, mexe acolá!
somente quando tudo estar pronto
é que posso descansar;
Assim se vai as marias,
deste mundo afora,
dormir por um pequeno tempo,
antes que o galo cante
e repita-se os mesmos momentos.
E assim, a vida se constrói em inúmeras Marias,
seus sonhos, seus dias...