Maria

Sou maria lavadeira,

E já fui de descida,

Entre as ribanceiras e ladeiras,

sempre com o espirito de fé,

sem reclamar ou praguejar,

Pois na vida,

Aprendi que, temos todas que marchar.

Antes de ser maria,

fui zefá, celeste e Dolores,

mulheres guerreiras,

lavadeiras de roupas e de dores;

Minha história se baseia,

entre amores e dessabores,

entre dias de sol e de chuva

entre a fome e a resistência

neste mundo de penitencias;

Um planeta em que muito cedo,

temos muitos compromissos,

de levar a casa nas costas,

e manter alegres, filhos e maridos;

O primeiro oficio da roça,

nunca esquecemos, meu senhor,

maria levando a lata D’agua na cabeça

com força, suor e dor;

E bem no finzinho do dia,

vou pra casa contente,

cesto de roupa na cabeça,

penteada e sorridente;

Maria poe a mesa de jantar!

serve todo mundo da casa!

limpa ali, mexe acolá!

somente quando tudo estar pronto

é que posso descansar;

Assim se vai as marias,

deste mundo afora,

dormir por um pequeno tempo,

antes que o galo cante

e repita-se os mesmos momentos.

E assim, a vida se constrói em inúmeras Marias,

seus sonhos, seus dias...

Ivonoel cardoso
Enviado por Ivonoel cardoso em 01/07/2024
Reeditado em 04/07/2024
Código do texto: T8097563
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