Diálogo sobre a poesia “O tempo jogou prata sobre minha cabeça” de Solano Trindade
Solano, o tempo além de jogar prata sobre minha cabeça
Enfeitou meu caminho de flores e dores nas articulações
No peito, nas costas e nas veias do coração
A música da minha vida desentoou, Solano,
Não sei se o cantor era ruim ou se desafinou nos versos
Essa escultura da minha existência não sei o que aconteceu
Já não sei onde está juventude e só tenho nesgas dela
Penso o amor está sempre comigo
Talvez no sonho da criança me deu um presente no hospital
O tempo jogou um pouco de prata sobre minha cabeça, Trindade,
E tirou meus cabelos, procuro para molhar na chuva e eles se foram
As experiências que armazenei o depósito alagou e se foram na enchente
A minha riqueza da compreensão se exauriu, estou meio sem paciência,
Sabia até amar suntuosamente, mas se não fui correspondido não sei se sei mais
As luzes luminosas do meu letreiro estão com mau contato e espero não se apague
Solano, a prata que o tempo jogou sobre minha cabeça se tornou sem valor
Até tentei ser tambor de mensagem, porém o tambor não ressoa mais e não ouvem
A dança do meu cenário restou com o bailarino sem público no palco sozinho
Não estou certo, amigo, que nunca serei túmulo nem morte
É forte sua declaração que nunca será parada nem fim...
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 08 de outubro de 2023