Prédios
As cabeças dos prédios que vejo aqui do alto,
Numa festa de matérias que são estas cidades
Me faz um pouco triste, de ver tanto concreto
Tanto concreto e massa...
Tantas casas e tantas moradas.
Nos apartamentos, cada um ali metido, sem camisa
Neste verão escaldante. Com cônjuge, cachorro, gato
Os vizinhos, as visitas, tudo assim embutido em quatro
Paredes. Todo mundo meio que feliz e mal distribuído.
Mas tudo bem,
Nós somos seres humanos e achamos um modo
De nos adaptarmos a qualquer estilo de vida.
E estas moradas, e estas casinhas, e estes pátios
São o que chamamos de lar. Amamos estes lares,
Alugados ou comprados. As propriedades,
Os negócios. Falamos dos negócios dos outros,
Quem tem e quem deixou de ter
De heranças, transições, apropriações
Como se fosse tudo nosso, tudo a depender de nós.