Distopia

Como ponteiro de relógio inerte

Pessoas apressadas passam

Perpetuam na retina imagens

O que olham? Quimeras veladas?

Mãos sôfregas, calejadas

Feridas, reviram lixões

Entre abutres e ratazanas

Buscam migalhas, ilusões

Silenciosas, em suas angústias imersas

Como bússola sem norte, se perdem entre seus ais

Num olhar indigesto nao enxergam

Mãos oprimidas e violadas por demais

Mãos solitárias, abandonadas e esquecidas

Imersas em profunda anomia

Se erguem mendigando compaixão

Não foram notadas, perdidas na multidão

Na incerteza diária do porvir

Seguem sem vida, sem guia

Ignoram mãos que se aninham

Em noite fria, entre papéis adormecidas

Colchões de um só dia

Diante desta distopia

Cegas à desolação, terminam o caminhar

Em sua escuridão dormem, sem utopia

Conseguirão sonhar?

DIVINO ALVES DE OLIVEIRA
Enviado por DIVINO ALVES DE OLIVEIRA em 05/06/2024
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