Vermes
Vermes!
Que se alimentam das pernas arrancadas,
Que se empanturram do sangue jorrando
Das crianças na guerra assassinadas,
Que deixaram suas mães chorando.
Vermes!
Que se proliferam nas entranhas vazias,
Que se reproduzem nas tripas esfomeadas,
Das crianças africanas sem comer por dias,
Com os pais trabalhando nas minas enlameadas.
Vermes!
Que roem os ossos pendurados na janela,
Que comem as carnes duras
Daquele sofredor que morava na favela
Que, mesmo inocente, levou um tiro da viatura.
Vermes!
Que se enriquecem vendendo desgraças,
Fabricando armas, entregando entorpecente.
Que passam por cima de quaisquer ameaças,
E sobrevivem do inferno de toda esta gente.