FELICIDAE MAGISTRAL

O fogo arde-me as entranhas

Sinto uma sensação estranha

Ao ruído de todos os lados

Que me arrebenta aos pouquinhos

Deixa-me no meio dos espinhos

Falando sozinho feito quadrado.

O fogo ainda me queima por dentro

Tento, ainda tento um tanto atento,

De repente, não tão de repente,

Revelo-me tão distante tão ausente

No meio dessa magnífica população.

O congestionamento esfumaçado de sempre

Deixa-me muito irritado

Degolo-me aos poucos

Me junto aos tantos loucos

Que fico rouco

E muito desesperado

Que saio de fininho

Pulando corda e catando coquinho

Nesse mar de buraco

Totalmente descontrolado!

Nas curvas sinuosas das ruas

Nas sinuosas curvas da cidade

Sei que a culpa é minha e sua

Por perdermos a magistral felicidade.

Procuro e nada acho

Acho o que não perdi

Encontro um esculacho

Daquilo que percebi

E vivo mesmo por baixo

Do sonho que já vivi.

Hoje sonho bem menos

Que há certo tempo passado

Agora continuo sofrendo

A dor de estar encostado

Em mais uma voçoroca

Feito menino paçoca

Totalmente desfigurado.

Itumbiara – GO, 2013.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 21/05/2024
Código do texto: T8068397
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