CAMELÔ
Eu venho do fundo da noite
Das madrugadas, sem fim
Trago perfumes de bares,
Nas mãos vazias de afagos,
Trato acordes de violas
No som da Voz já cansada
Trago vestígio de amores
No meu olhar moribundo
Trago um resto de bebida
E um pranto quase explodindo
Trago um riso
Trago um choro,
Trago um lamento fingido
Trago um crime passional
Trago um adeus- despedida.
Trago um boêmio que canta
Sua última serenata
Trago a penumbra das luzes
Trago um carinho de amada,
Trago a luz da madrugada
Se despedindo da lua,
Trago a tristeza do mundo,
No cofre deste meu peito
Trago a mentira da vida
Essas coisas e muito mais
E ofereço aos circunstantes
Por preço bom e barato
Palegre 1972