TEMPESTADE

TEMPESTADE

Manhã de setembro

Início de Primavera

O sol que brilha, se esconde

O céu que é claro escurece

O dia que nasce – se mata.

A noite, aparece

As luzes se acendem e a chuva,

Impiedosa, forte, tirânica cai sobre a cidade

Tingindo de Chumbo cinzento

As ruas que já estão desertas

A selva imensamente humana.

Se acalma sob o efeito do temporal

Os chacais se escondem

As hienas fogem para covas de concreto

As cobras rastejam em busca de esconderijo

As víboras dormem na escuridão da falsa noite

Os lobos uivam de raiva porque não existem presas

Os Leões deitam-se sonolentos, fatigados e famintos

Esperando, preguiçosamente, os manjares certos.

E, por um momento há paz entre o bem e o mal

Pelo menos, aparentemente.

O cordeiro dorme- o lobo aguarda

A pomba arrulha – a águia sonha.

Os fracos repousam -os fortes imaginam

Mas breve a tempestade passa e o sol renascerá

O dia brilhará e então começará,tudo, de novo,

Nesta cidade humana ,que é uma imensa Selva.

(Porto Alegre, 1973)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 13/05/2024
Reeditado em 13/05/2024
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