TEMPESTADE
TEMPESTADE
Manhã de setembro
Início de Primavera
O sol que brilha, se esconde
O céu que é claro escurece
O dia que nasce – se mata.
A noite, aparece
As luzes se acendem e a chuva,
Impiedosa, forte, tirânica cai sobre a cidade
Tingindo de Chumbo cinzento
As ruas que já estão desertas
A selva imensamente humana.
Se acalma sob o efeito do temporal
Os chacais se escondem
As hienas fogem para covas de concreto
As cobras rastejam em busca de esconderijo
As víboras dormem na escuridão da falsa noite
Os lobos uivam de raiva porque não existem presas
Os Leões deitam-se sonolentos, fatigados e famintos
Esperando, preguiçosamente, os manjares certos.
E, por um momento há paz entre o bem e o mal
Pelo menos, aparentemente.
O cordeiro dorme- o lobo aguarda
A pomba arrulha – a águia sonha.
Os fracos repousam -os fortes imaginam
Mas breve a tempestade passa e o sol renascerá
O dia brilhará e então começará,tudo, de novo,
Nesta cidade humana ,que é uma imensa Selva.
(Porto Alegre, 1973)