Análise
É louco enlouquecer
E por dentro entender
Que aceitar
É só o que sobrou.
Pois é vazio o resto
Até o reflexo
Se apresenta falso indefeso
Sem palavras.
É regar as plantas
Rir do nada acontecendo
Porque se foi o dia
Com todas as suas horas.
E nada útil foi feito
Feito inutilidade doméstica
Domesticando o motivo
É essa a guerra
É essa a ilusão de ser real
A realidade não é real
Mas tem consequências
O motivo da minha urgência
São as urgências perdidas
Flores murchas e caídas
Sem perfume, sem frescor.
E as aguas que caem no meu jardim
Já não são suficientes
Inundam toda minha rua
Mas tenho sede.
Tinha tanto pra dizer ontem
Hoje já passou
As pedras se despediram
Derreteram se fundiram ao tempo.
Folhas em branco
Sem recados cifrados
Dias nos calendários
Datas sem importância.
Apenas uma bebida seria suficiente
Um copo ou uma gota tanto faz
A diferença é o motivo
É o ópio da verdade.
Botei a venda nos olhos
Para não ler no diário oculto
Os verdadeiros motivos
Para apagar a luz com desculpas.
Olha o menino morto
Talvez não fosse a hora
De apagar seus desejos
De interromper seus sonhos.
E o carrasco chegou
Tirou a mascara embebida
Em traição e levou
Vida e sonhos
Mas seu coração ainda não parou
Guedes