NOITE AVINAGRADA

Quem engraxa o eixo de Gaia

Por que não põe

escorpiões no manto

dos malvados?

Uma gaze não cura almas

— Que céu merthiolate!

Só de olhar, eu ardo.

Os lagos estão mortos.

É triste ver a Lua sem espelho

à procura de um lugar

Os arautos usam botas.

Nem tudo na vida são flores,

mas por que tão poucas?

O vinho da maldade

tem um rótulo lindo — É pura arte

e estraga até saladas.

Eu não leio mais notícias antes de dormir.

Onde o poema aperta

quem palpita? Sou eu por mim

nessa noite avinagrada.