A sorte Do Mandrião
Então, o Mandrião jurava que,
A vida vadia que levava
Era pura e simplesmente
Grande falta de sorte.
Destemido, insolente,
Ele não temia nada;
Nem mesmo a morte.
Até parecia que ele fazia
Um esforço danado
Para se estrumbicar.
Também, insistia na teoria
Do vaso ordinário
Ruim de quebrar.
Na mente do sujeito vadio,
Havia sempre espaço vazio.
Desatento, matava o tempo,
Sossegado, a sangue frio.
Sempre encarava o perigo
Feito água mansa
No leito do rio.
Dizia que não tinha sorte
Nem para morrer.
Vivia nos braços da morte
Para se proteger.
Sem sorte, mas nunca sofrendo.
Dessa forma, Mandrião ia vivendo.
Até que, em um dia glorioso,
Mandrião teve sorte e sofreu;
Pulou do colo da morte e morreu.