MISERICÓRDIA
Quem fez aula de tiro
no mundo das palavras,
sabe que acertamos
um alvo lá no pacífico.
Em casa, somos pássaros
trocando asas por abraços
para cruzar esse oceano.
Dói onde a palavra toca.
A tal ponto que os gorjeios somem
e sumiram agora, porque é tarde.
(nunca é tarde, poeta tola!)
Se apanhas o invisível ao cair da chuva,
como está o céu agora?
O céu é uma caixa frágil
em dia de mudança, como abri-la
Sem cortar os laços?
— Raios! Tudo azul é sonho.
O céu que se abra no caminho.
Nós temos um par de asas
(no porta-luvas).