TRANSPLANTE

Roda tudo, roda a estrada, roda o mundo, roda a roda, roda a fila, roda tudo. Só não roda o fim. ..

Porque não tem parada! Como água no rim...

Será que estamos passando, nos movendo pelo tempo?

Ou será que ele é que está passando por nós?

Nos enovelando, nos tirando tudo que temos

Olhos, audição, visão, silenciosamente...

Ele vai se estendendo nos consumindo, nos moendo

Ou somos nós que estamos tirando dele

Aquilos que simplesmente pensamos existir

O tempo inexistente?

Há coisas que não têm mais volta

Mais elas voltam porque são enxertadas

São enxiridas aves migratórias

Voltam ensimesmadas cobranças promissórias

Os pensamentos nem todos podem ser partilhados

Ficam acumulados dentro da gente repatriados

E o pior é quando nem com a pessoa amada

Você pode falar... Ficam ali emsombreados, calados

Qual árvores que não dão frutos...

Sem raízes, usufrutos exegetas

Quem me deu a vida não me perguntou

Se eu queria ser a sua cria!

Tanto sofrimento espremido todos os dias

Não podem ser pisados e colher poesias concretas

Tanto desgaste e deixamos vestígios

Retratos, roupas, bagulhos, entulhos

Curvas e retas poemas prolixos

Somos isso a realidade

É tão somente um lixo

E cada caixão aberto

É um presente larvado, embalado

Que damos a terra

Um bicho libertado

Um bicho encoberto

Qual pó no deserto de poeira exsudo

Só há uma certeza na vida

A solidão...Adormecer

O tempo lhe tira tudo

Ainda bem! Que mijam com meu rim

Que meu coração pulsa

E ainda bate noutro amanhecer

Depois de morrer nada dói em mim

Doação....É tarde não doar

O ar que falta noutro ser...

Posso não saber pra onde vou

Mais saberei porque vim...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 28/03/2024
Reeditado em 28/03/2024
Código do texto: T8029340
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