Poema doloso (quando tem intenção de verbar)
Do que adianta lançar o verbo
Se eu criticar a polícia vou parar no cemitério?
Do que adianta assistir o jornal
Se todo brasileiro é sempre desigual?
Do que adianta escrever poema
Se eu nunca vou abalar o sistema?
Do que adianta falar para não me parar
Se eu cruzar a rua eles vão me matar
Passa o celular
E a carteira sem reclamar
Eu quero falar, que preciso reclamar, nada vai me parar
Exceto o assaltante puto querendo me assaltar, pro sistema quebrar e o gatilho puxar
Como pode ser inocente aquele que pode me matar
A culpa é sua por ser pobre e o uber não pagar
Não se fazem bons tempos como antigamente
Os tempos onde meu vô era uma criança sorridente
Dizia Vaz vida loka é quem estuda
Mas não me sobra loucura para manter essa forma lucida
To loko e com medo da noite
To no veneno trabalhando até depois tomar bote
Tapa do bope, perigo do trafico mas o imposto ta pago
Fila no SUS, rua com buraco, outro amigo foi roubado, mas o IPTU ta pago
Depressão só tem voz em setembro, mas a ansiedade me lembra todo dia
Os que olham o telegram chamaram a menina que sofreu assedio de vadia