Poemas caelum et terram
Engenharia de palavras
Parafusos, ciúmes e peças. Inveja, polias e ódio. Mecanismos de
palavras são arte e ciência das construções. Plantas, papel e
teodolitos. Tinta, compassos e impressora. Escrever é engenharia
de palavras. As engrenagens de uma vida são tão complexas com
correias e pequenas peças colocadas numa máquina de
fragilidade. A ciência é muito precisa com números, os escritores,
porém, sabem que a equação de um coração é uma incógnita que
não exprime igualdade. O quociente do amor é inconsciente e a
razão do coração é irracional. A poesia é uma matriz oposta,
transposta, simétrica e antissimétrica. Matriz em linha, coluna ou
diagonal. A poesia é uma tabela formada por um numero m de
linhas e um numero infinito de sentimentos que são engrenagens
de uma frágil máquina e a propriedade associativa do elemento
oposto é a razão da existência humana.
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A preservação das raças inúteis na luta pela vida de vagabundo
Tenho nojo de gentinha que pensa que é dono do mundo. Tem
tudo sem trabalhar. Pensam que os livros que escrevem servem
para alguma coisa. Falam da pobreza como algo místico, como
uma forma de arte. Eles querem gostar dos pobres, mas não
gostam nem de si mesmos. Não servem nem para fazer a comida
que comem e o que defecam são os outros que limpam. Não
sabem o valor da vida. Sabem humilhar os outros com palavras,
falam em Deus como em um banqueiro porco que pode ser
comprado. Tenho ódio desses vagabundos. As suas belas casas
não foram eles que construíram, inúteis. Pensam que sua cultura,
seus livros, sua musica, suas merdas são importantes, mas na
verdade o mundo seria perfeito se eles não existissem. Inúteis,
malditos, trabalhar vagabundo! Dispensem os empregados, usem
as mãos, cãezinhos vadios. Cães sarnentos sua capacidade é
ganhar dinheiro fácil como uma prostituta que vive com as pernas
abertas. Desçam do ônibus e peguem seus importados que vocês
compraram com o trabalho dos outros. Indo para a cidade no
ônibus, notei que o sol brilhava sobre a plantação de alface.
Adiante, vi uma madame num carro de lixo com os vidros
inteiramente fechados, do jeito soberbo de ser. Limpa sua bunda
sozinha, vagabunda. Que o câncer te coma viva, cadela, sem
querer ofender os animais. Burguês, burguês, a algema que você
usou em nós será usada nos teus filhos. O revolver com o qual
você matou e roubou será usado para matar e roubar você e seus
cãezinhos. Sem derramamento de sangue não há remissão. A
violência é reciclável, o ódio também. Que o câncer te coma vivo,
playboy. Morte ao burguês. Infanticídio, olho por olho,
vagabundo por vagabundo, guerra por guerra, vingança. Cancro,
peste negra, aids, câncer, leucemia, paralisia cerebral, suicídio,
inferno de fogo, gemer de dor na cama e pedir a morte e ela não
vir....é o que merecem. Vingança.
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Cacarejando ao telefone
Relinchou palavras desconexas ao telefone, latidos
incompreensíveis. Eu não compreendi no momento. Roncando
disse que não queria mais me ver. Assobiou sua filosofia “hoje em
dia é pegar e não se apegar.” Vida de gentinha é fútil e inútil.
Desculpa querida, não sou algum vagabundo que você conheceu
na balada. Maloqueiro não tem sentimento, são como os cães de
rua: nojentos e insaciáveis. Não sabem o que é amor. Bufando ela
desligou o telefone, vadia!
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Ela é toda ela, Rafaela
Um docinho p´ra mim é ela
Quero estar com ela
Gosto do sorriso dela
Só penso nela, Rafaela.
Um chocolate p´ra mim é ela
O que quero é ela
O que quero p´ra mim é ela
Delicada e bela, Rafaela
Uma flor p´ra mim é ela
Meus olhos são dela
O que vejo nela?
Só vejo ela, Rafaela
Um amorzinho p´ra mim é ela
Meu coração é dela
Ela é toda ela
Rafa, Rafinha, Rafaela.
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“O primeiro e o quatro de agosto”
Sobre o amor de primo
O tio finge que vê e assiste tevê, a tia sabe do caso e faz suco de morango e se encanta.
Um docinho, um lacinho, um beijinho num cantinho, um amorzinho.
Um barulho gostoso de família reunida. Os olhos dela são do pai e do avô, laços de sangue e amor.
Fala que nunca mais e morre de tanta saudade e de tanta vontade. Vai e volta.
Jura que casa comigo quando crescer. Dá um sorriso, diz que sim, de mãos dadas.
Olha pra mim, diz que sim, diz assim: você é tudo pra mim.
Chocolate e flor, o tio que é sogro vai ser avô. Geleia de moranguinho, um coração de criança, priminho.
Autor: Davy F. Almeida
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A Vitória da vida
A grandeza da vida é maior do que o sofrimento. Eu preciso acreditar.
A felicidade nos dá as cores da vida. As dores e as cores da vida.
As dores e as cores da vida. As dores e as cores da vida.
A grandeza da vida é maior do que o sofrimento.
A incapacidade humana, a estupidez, ódio, guerra, inveja e maldade não
são maiores do que a grandeza da vida. As dores e as cores da vida.
As dores e as cores da vida. As dores e as cores da vida.
A grandeza da vida é maior do que o sofrimento.
… era muito sofrimento e como se não coubesse tudo no mesmo dia,
dividia entre os demais dias da semana. As dores e as cores da vida.
As dores e as cores da vida. As dores e as cores da vida.
A grandeza da vida é maior do que o sofrimento.
A maldade humana não é maior do que a grandeza da vida. Se a maldade
retira as cores da vida, a alegria e a esperança nos devolvem. A grandeza
da vida é maior do que o sofrimento.
A grandeza da vida. A grandeza do Deus do amor. A vitória da felicidade.
As cores da vida. A grandeza da vida é maior do que o sofrimento.
Autor: Davy F. Almeida
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Boa Viagem
Eles chegam aqui sujos, maltrapilhos e com sonhos. Logo que
desembarcam são chamados de vagabundos, invasores e fugitivos.
Trazem seus sonhos de casamento, de família, de trabalho e de uma vida
melhor. Trazem sua cultura, língua, religião e deixam a sua terra para
construir a dos outros.
Os mais abastados são chamados de exploradores, ricos, boas vidas, que
ganham dinheiro fácil as custas dos outros. Eles que trazem seus sonhos,
seus projetos, seus negócio e seu trabalho.
Chegam de trem , de avião, de navio, a pé ou em caminhões do exército.
Fogem da guerra e da desgraça humana. Deixam tudo, o coração e a
família. Trazem tristeza e esperança. Nós os chamamos de migrantes,
imigrantes ou estrangeiros, quando deveríamos chamá-los de seres
humanos.
Autor Davy F. Almeida.
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Dia dos Pais
Produzida por Davy F. Almeida
A história de um pai chamado Fernando e sua filha Jéssica. Jéssica aos 17
anos começa a ser rebelde e a beber muito. Certo dia o pai reclama por ela
ter dormido mais uma noite fora de casa sem avisar e ter chegado bêbada
em casa. O pai Fernando dá um tapa em seu rosto após discussão, ela
chama a policia e o pai fica preso por um dia, mesmo ele estando certo.
Fernando ama a filha mesmo assim. Ela não muda e ainda fica grávida de
um cara que ela conheceu na balada. Fernando e Marta assumem a criança,
já que ela não trabalha. Jéssica continua a ter o mesmo comportamento.
Ela pega a criança e vende-a a um casal rico de São Paulo. Os avós
descobrem tudo e chamam a policia. Após 04 meses de procura o bebê é
encontrado. Jéssica é presa e condenada a seis anos de prisão. Cumpre 04
anos é libertada por bom comportamento. O pai vai buscá-la quando ela
sai da penitenciaria. Ela chora, ele chora. Ela é recebida com festa.
Promete mudar, mas não se muda caráter. Caráter a gente nasce com ele.
Algum tempo depois Jéssica morre em acidente de de transito, bêbada
junto com as amigas. A filha de Jéssica cresce, casa-se e abandona o avô
que o criou. Marta, esposa de Fernando já velha falece. Tempos depois,
Fernando no trânsito vê uma criança de rua pedindo esmolas no semáforo
e decide adotá-la. Ela nunca soube o que era um pai ou uma mãe. Criada
com a tia que era traficante. A menina recebe um novo nome o de Jéssica,
nome da falecida filha de Fernando. Anos mais tarde Fernando morre. Ela
o acompanha até a morte. Ninguém vai ao velório de Fernando, com
exceção de Jéssica, agora já com 18 anos. Faleceu no dia dos pais.
Production Notes: Davy F. Almeida
Música tema: Pais e Filhos – Legião Urbana.
Cenas iniciais: Pai trocando as fraldas da filha, pai levando filha na
escola. Filha andando de bicicleta em parque.
Cena Final: Fernando morto em um caixão, Jéssica filha adotiva
chorando. Em frente ao caixão a luz externa faz brilhar um vitral com São
José e o menino Jesus nos braços. Amor de pai.
Cena: Fernando idoso e sua filha adotiva estão tendo uma conversa.
Menina. Quem é essa na foto?
Fernando. Ah, esta era minha esposa marta.
Menina. E esta, quem é? Segurando um porta-retratos.
Fernando. Esta era minha filha que também se chamava Jéssica. Ela
faleceu em um acidente. Respondeu Fernando sorrindo com se Jéssica
tivesse sido a melhor filha do mundo.
Menina: O senhor deve ter chorado muito?!
Fernando. Eu ainda choro.
Menina: E esta outra moça aqui, quem é ela?
Fernando: Esta é minha neta, Bianca, filha de Jéssica. Ela mora no Rio
Grande do Sul.
Menina: É muito longe?
Fernando: É longe, e faz frio.
Menina: Eu não gosto do frio.
Fernando sempre procura em meio as cartas alguma que seja de Bianca.
Parece ter ela esquecido do avô. Ele costuma enviar-lhe também
mensagens pelas redes sociais que nunca são respondidos. Sempre pensa
que quando o telefone tocar será ela, Bianca. Ele sempre ora por Bianca. É
um homem de igreja. Alguns filhos são como pássaros, se você os solta
eles não voltam mais. Retornam apenas quando precisam novamente do
ninho.
Davy F. Almeida.
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O Pau de Arara
Eu sou o cabeça chata. Eu sou vida secas.
Sou Rachel de Queiroz. Sou José de Alencar.
Sou miudinho. Sou Déda. Sou Severino.
Tenho orgulho de quem sou.
Sou José Lins do Rego. Sou Jubiabá. Sou Gabriela cravo e canela.
Sou cabra macho. Sou cabra da peste.
Sou João Cabral de Melo Neto. Sou Castro Alves.
Sou rapadura. Sou caju. Sou o cabeça de jaca.
Sou Salvador. Sou xique e sou xique-xique.
Sou Campina Grande. Sou Palmares. Sou Aracaju.
Sou Mossoró, sou Piripiri. Sou Itapiroca.
Sou Codó. Sou Bacabal. Eu sou uma Fortaleza.
Eu sou a escravidão de um sonho. Sou o pelourinho.
Sou o açoite. Sou a senzala.
Sou a cana de açúcar. Sou tropical. Sou Luiz Gonzaga.
Sou Didi Mocó. Sou risca faca. Cabeção. Cabeçudo e caixa
d'água. Sou acarajé. Sou vatapá. Sou muqueca.
Sou Chico Anysio. Sou o velho chico. Sou a água azul.
Sou Fernando de Noronha. Sou desenvolvimento.
Sou Camaçari. Sou Aratu. Sou bonito. Sou o agreste.
A zona da mata. Sou o sertão. Sou a filha de Sindoca.
Sou a nega do azeite dendê.
Eu construí Brasília. Eu construí São Paulo.
Eu sou guerreiro. Eu sou trabalhador. Eu sei o valor da vida.
Eu sei o valor do trabalho.
Sim, eu sou pau de arara. Sim, eu tenho orgulho disso.
Sim, eu sou o homem que você não é, nunca foi e nunca será !
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A insígnia da cruz
Vou a terra santa guerrear, ao Santo Padre serei leal.
Quando retornar, construirei meu castelo e desposarei minha donzela.
Vivo em terras alodiais, não sou vassalo, não quero o beneficio.
Não preciso dos senhores feudais, não sou vassalo, tenho meu ofício.
Contra sarracenos vou lutar, a Santa Igreja serei leal.
Quando retornar, construirei meu castelo e desposarei minha donzela.
Vivo em terras alodiais, minha espada luta contra a felonia.
Não preciso dos senhores feudais, vou destruir essa tirania.
A Santa Cruz vou honrar, a Santa Bíblia serei leal.
Quando retornar, construirei meu castelo e desposarei minha donzela.
Vivo em terras alodiais, não sou vassalo, não quero o beneficio.
Não preciso dos senhores feudais, não sou vassalo, tenho meu ofício.
Jerusalém vou libertar, a nosso Senhor serei leal.
Quando retornar, construirei meu castelo e desposarei minha donzela.
1095 anno domini.
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A Verdadeira capacidade
Capacidade de valorizar o trabalho, seja ele qual for.
Capacidade de servir aos outros, não ser servido.
Capacidade de construir uma família.
Capacidade de enxergar coisas boas nos outros.
Capacidade de acreditar em Deus, na vida, no trabalho, na justiça, na
bondade e compaixão.
Capacidade de ver as coisas boas da vida.
Capacidade de ser humilde.
Capacidade de ver as coisas boas da vida e agradecer.
Capacidade de acordar todos os dias e imaginar o bem e a felicidade de
estar vivo.
Capacidade de não ser egoísta e não pensar que o mundo gira em torno do
meu umbigo.
Capacidade de não pensar que sou mais sabido do que os outros.
Capacidade de não pensar, nos meus pequenos pensamentos, que mereço
mais do que os outros.
Capacidade de reconhecer que muitas pessoas merecem mais do que eu e
elas nada tem.
Capacidade de não colocar a culpa nos outros.
Capacidade de não pensar que a vida me deve algo.
Capacidade de não pensar que a vida vai me dar tudo de graça e fácil, ou
que mereço tudo fácil.
Capacidade de entender a personalidade humana, que a gente é assim
mesmo. Pensamos que merecemos mais do que os outros. Ser humano
quer ser importante. Ser humano que ser o que não pode ser: mais do que
humano.
Numa dia estamos falando francês e se achando o máximo por isso, no
outro não podemos sair de casa porque estamos com diarreia.
Capacidade de amar. Capacidade de ser alegre. Capacidade de ser feliz.
Capacidade de fazer o bem. Capacidade de ajudar o próximo mesmo sem
receber nada em troca. Capacidade de dar graças todos os dias.
- Vou trocar suas fraldas e te dar uma lição de vida.
Capacidade de ter mais estudo e ainda ocupar um cargo menor e por isso
ser feliz e dar graças a Deus. Capacidade de não estar preso a nada
material, ter um espírito liberto.
Capacidade de se humilhar diante do Deus Criador. Capacidade de
entender que ser humano é passageiro, arrogante e precisa do Deus-Vivo.
Capacidade de entender que a única coisa que levo da vida é o amor e o
bem que pude fazer.
Capacidade de entender que ter capacidade não é apenas ter diplomas ou
um emprego de diretor. Capacidade não é estudo, capacidade é saber viver
e ser feliz.
- Eu só quero que ele seja o homem que nunca fui: um homem de verdade.
Capacidade é trocar fraldas. Capacidade de trabalhar com um sorriso no
rosto. Capacidade de reconhecer o trabalho dos outros. Capacidade de
entender que nada sou. Capacidade de sorrir. Capacidade de entender a
vida. Capacidade de aprender a viver.
Mekor Haim. Espirito Criador. Aleluia.
Autor: Davy Almeida, escritor e autor de diversos livros.