Apura

Favor não levar a sério

Ao fazer esta leitura

Eu sei que o Caro Leitor

Possui talento e finura

Por isso, devo escrever

Com tal jogo de cintura

Para não desencadear

Nenhum desgaste, ranhura

E, desde já, eu agradeço

A gentileza, a doçura.

As mazelas desta vida

Trato sem muita frescura

O que tanta gente passa

Em versos não se calcula

Talvez, posso abrandar

Sem abrir qualquer fissura

Eu sei que minhas palavras

Vêm de forma prematura

Porém, sem fazer deboche

Martírio não se mensura.

Encare dum jeito legal

Toda esta conjuntura

Perceba a descontração

Que aqui se configura

Sorrir, às vezes é fácil

Tem até gente que jura

Que isto seja verdade

Não pense que é loucura

Dê um basta na tristeza

Também não tenha paura.

Aprendi que viver é arte

Veja a nomenclatura

Mesmo que a vida termine

O conhecimento perdura

Conforme o tempo passa

Fortalece as estruturas

Para quem não se expressa

De nada vale a cultura

Jamais haverá progresso

Vivendo só, na clausura.

Bem humorado eu relato

Nesta nação sem censura

Onde o vulgar se destaca

Nem toda virgem é pura

Está sempre antenada

Quando quer, ninguém segura

Neste mundo de vaidade

Perde toda a candura

Bordado de ilusão

Cai o manto da lisura.

Seja forte e siga em frente

Se a solidão em noite escura

Sem dar um pingo de paz

Ata-lhe à dor, à amargura

Não se desespere, tenha fé

Livre-se da escravatura

Com persistência e apego

Na sagrada escritura

Encontrará, com certeza

Seu alvará de soltura.

Por clemência, agora peço

A Deus do céu que me atura:

Amenize o sofrimento

Dê, aos enfermos a cura

Também, com toda razão

Ao poeta, mais ternura

Pra fazer versos de amor

E compensar a feiura

As rimas causam pavor

Pois, quem lê, até murmura!